Caminhos do protestantismo: Uma abordagem histórica sobre sua inserção no
território brasileiro[1]
Albertino da Silva Lima[2]
Resumo
Fazer uma
exposição de toda a trajetória do protestantismo no Brasil necessita-se de
muitas páginas para um trabalho mais apurado. Por isso, a pesquisa se atentou
na parte introdutória, e mesmo limitando-se a introdução, percebe-se a riqueza
histórica contida nela. Não foi fácil a inserção do protestantismo em solo
brasileiro devido a força política e religiosa sustentada pela Igreja Católica
desde a sua colonização. Bastian faz uma iniciação sobre o protestantismo na
América Latina e traz um apanhado de sua penetração no Brasil, porém, Antônio
Mendonça e Prócoro Filho centram-se na história da inserção desta vertente
cristã no Brasil e neste diálogo vimos um país bem diversificado em seu aspecto
religioso, e é justamente este caminho que esta pesquisa percorrerá.
Primeiros passos do protestantismo em solo latino-americano.
Este estudo sobre o processo de iniciação do protestantismo brasileiro é
muito instigante e para fomentar um entendimento sólido sobre o assunto,
utilizarei como base introdutória obra de Jean-Pierre Bastian intitulada de Historia del Protestantismo en América
Latina, que dentro de sua estrutura histórica proporá uma elucidação do
protestantismo em solo brasileiro.
Bastian inicia seus escritos fazendo um recorte temporal entre os anos de
1808 à 1959, neste recorte antes de adentrar o caminho religioso ele perpassa
pela política, as revoluções francesa e americana e seus desdobramentos
conseqüentes na América Latina. Os fatos nos mostram que é uma tarefa difícil
dissociar a religião da história, uma se entrelaça na outra ainda que
inconsciente, e devido a esse entrelace nas três primeiras décadas do século
XIX houve um colapso revolucionário na América Latina, pois, as repúblicas que
iam surgindo tinham em sua estrutura os ideais revolucionários. É explicitado
pelo autor que há um interesse de manutenção entre religião e estado, isto é, o
catolicismo como a religião ligada ao estado republicano.
As intenções do catolicismo e das repúblicas independentes são opostas,
onde esta última tem um caráter ambíguo e não centralizado somente na política.
As disputas colocaram em voga a possibilidade de um rompimento com a atual
estrutura política e social e com isso deram margem ao surgimento de uma
soberania popular[3]. O povo
por sua vez se manifestava e buscava o que se passava na política e na economia
do seu continente. Espanha e Portugal estavam perdendo seu monopólio e o
objetivo intencional da nova ordem de cunho republicano estava sendo alcançado,
que era permitir a abertura da economia não restringindo somente a duas nações,
mas possibilitando uma comercialização internacional. Bastian mostra que o
fantasma da escravidão colonialista se fazia presente e se posicionava como um
freio frente à nova proposta de abertura econômica.
Logo após este ensaio histórico sobre o contexto estrutural econômico e
político europeu, o autor vai entrar nas intenções e intervenções religiosas,
mas precisamente iniciada pelo catolicismo. A Igreja Católica com seu monopólio
religioso/político estava sobre maneira presente na Europa e o seu ideal era
fundamental para trazer certo equilíbrio, pois além de possuir força ela também
era detentora de uma enorme influência.
O interesse e o esforço pela liberdade se esbarravam na hegemonia da
Igreja Católica, que devido a sua estrutura era a única instituição garantidora
da nacionalidade. Este revés deu outro caminho aos novos estados, deslocando
seus olhares revolucionários da França e dos Estados Unidos e se fixaram em
Cadiz. A Europa começa a perder a sua referência dando espaço a um exemplo que
vem de dentro; da América Latina, gerando um afastamento do centro dominador
externando com isso as fuerzas
centrífugas[4].
O texto desta pesquisa que introduz a inserção protestante na América
Latina mostra o descontentamento com o monopólio Católico e deu início ao
pensamento reformador que tinha um olhar crítico dentro do catolicismo, e esta criticidade
se deu com as atitudes das sociedades liberais que idealizavam uma modernidade
Cristã, uma reforma religiosa com ideais políticos e econômicos que teria sua
gênese a partir de dentro. É explicito pelo autor que a intenção do clero crioulo[5]
era de aproximação com as lojas maçônicas com a finalidade de criar um consenso
entre o catolicismo e a modernidade, não abrindo mão de sua prática dominadora.
Percebo que Bastian se preocupa com o contexto histórico dentro de seu
recorte temporal para tornar claro aos seus leitores como se encontrava o
quadro político/religioso europeu e latino-americano, para então entrar na
temática dos protestantes na América Latina. Preocupação louvável, pois, como
explicar o advento de uma nova religião em um solo onde o catolicismo
predominava? O que propiciou a entrada
do protestantismo? Foram as revoluções, as crises ou o grito do povo[6]?
Esta preocupação deixa o seu texto na minha percepção mais interessante no
quesito histórico/teológico, e isto permite que seus leitores tenham firmeza na
temática onde estão entrando.
Os adeptos do protestantismo eram
tidos como minorias frente à hegemonia católica, embora em pouco número
lutassem pelos seus objetivos principais que eram a liberdade de consciência e
de culto. Porém, para que isso acontecesse eles se aliaram ao liberalismo
radical.
Esta posición específica
de las minorías protestantes, como asociaciones disidentes que combatían a la
iglesia católica en el campo religioso y defendían los princípios liberales que
les habían dado acceso a este mismo campo religioso, hasta entonces
monopolizado por la iglesia católica, explica también su constante alianza con
las demás asociaciones liberales radicales anticatólicas como las logias
masónicas, los círculos espiritistas y las sociedades mutualistas, por lo menos
sus fracciones anticonciliadoras[7].
O que se pode tirar deste trecho é o
que na verdade está se passando no início do protestantismo , isto é, a força católica era bem
maior e o protestantismo em minoria está em busca de estruturação e viu esta
possível estruturação ao se aliarem aos radicais liberais, aos maçons e as
correntes espíritas. Bastian mostra que os protestantes não teriam como
subsistir às dominações católicas sem essas alianças, que mais tarde a Igreja
Católica irá usar para atacar com fortes acusações o conteúdo desta nova
corrente cristã. É embasado nesta leitura que o autor defende a tese de que as
sociedades protestantes na América Latina foram sociedades de idéias[8]
que trouxeram novas perspectivas e visões acerca do seu modus vivend.
Bastian deixa claro que sua pesquisa está endereçada a mostrar como se
deu a relação entre o ato imigratório até a conquista pela liberdade de culto.
Para palmear esta área ele se prende à segunda metade de o século XIX décadas
que marcaram o advento das sociedades protestantes em países latino-americanos.
O lado histórico e geográfico do protestantismo
brasileiro
A cristianização do mundo proposta
pelo protestantismo estava expandindo em larga escala, ele não ficou preso na
Europa, ganhou novos caminhos. A América Latina como observamos no tópico
anterior foi um terreno fértil e ao mesmo tempo um campo minado, devido a
hegemonia desenvolvida pelo catolicismo. A colonização brasileira foi feita por
Portugal, cuja origem religiosa é católica. Foram aproximadamente quatro
séculos de poderio político/religioso exercido pelos católicos, que interferiu
veementemente na formação estrutural do Brasil. Esse longo período da Igreja
Católica no poder, serviu como grande empecilho para a penetração do
protestantismo.
Para uma maior compreensão sobre o
tema, será utilizada para a pesquisa a obra de Antonio Gouvêa Mendonça que
retrata bem este processo desenvolvido pelos protestantes. Em seu livro “O Celeste porvir: a inserção do
protestantismo no Brasil”, Mendonça utiliza métodos e meios históricos na
intenção de informar o contexto do Brasil neste período. Enquanto no século XVI
a Europa estava vivendo uma explosão reformista, o Brasil estava dando os seus
primeiros passos em busca de uma estrutura. O cristianismo reformado procurou
espaço em terras brasileiras mesmo com as objeções católicas à tona.
A França e a Holanda foram os países
pioneiros na tentativa de implantação do protestantismo no Brasil, isso se deu
logo após a colonização portuguesa em 1532, com a chegada da expedição de
Villegaignon em 1555, que sobre, o amparo de Coligny, pretendia fundar a França
Antártica e construir um refúgio onde os huguenotes pudessem praticar
livremente o culto reformado.[9] O
Brasil do século XVIII foi permeado por questões políticas e religiosas, este
período foi conhecido como Brasil Colônia, a fim de conservar as origens do
catolicismo na sociedade brasileira.
Em 1720, uma lei proibiu
que qualquer pessoa entrasse no Brasil a não ser a serviço da coroa ou da
Igreja. Estrangeiros foram proibidos de visitar a Colônia. Em 1800, o Barão von
Humboldt foi impedido de entrar na Colônia, pois o governo português informou
ao seu representante no Pará que Humboldt podia influenciar o povo com “novas
idéias e falsos princípios”. Isso naturalmente, porque o barão procedia de país
protestante. Pode-se dizer que até a vinda da Família Real não houve mais
protestante no Brasil. Com a profunda modificação política introduzida pela
presença de D. João VI, principalmente por causa da dependência portuguesa em
relação à Inglaterra, expressa no ato de abertura dos portos “às nações
amigas”, é que protestantes anglo-saxões começaram a chegar e se estabelecer no
Brasil, com relativa liberdade para as suas práticas religiosas.[10]
A presença protestante não era bem vinda no território brasileiro, pois
os católicos os viam como ameaça à sua hegemonia. E quando gozava de liberdade,
esta era limitada. Contudo, aos poucos o protestantismo foi ganhando terreno e
expandindo suas doutrinas e formas de culto. Isso se dá no período conhecido
como Brasil Império, onde se faziam diversos debates sobre a liberdade e
convivência religiosa. Esta busca por liberdade religiosa deu direito para a
venda da Bíblia e consequentemente a sua difusão foi feita por sociedades
bíblicas estrangeiras bem antes da chegada e estabelecimento das missões
protestantes, constituiu-se num fator ponderável da estratégia protestante de
penetração.[11]
A dicotomia política/religião é também
um dos assuntos centrais do texto produzido por Bastian, ele enxerga o jogo
político no processo de alfabetização quando as elites latino-americanas se
juntam com os responsáveis das sociedades bíblicas com o intuito de
alfabetizar, cristianizar e conscientizar a população, e por fim encorpar as
minorias protestantes. A Bíblia teve sua importância neste período, pois a
intenção de sua difusão era permitir que o povo tivesse um esclarecimento tanto
político como também social e nem tanto religioso.
El deseo de difundir la Bíblia por parte de
las nuevas elites independendistas y la fracción liberal del clero, era una
búsqueda a fin de completar las reformas política y económica con una orientación de las ideas y de las
creencias y que permitiera combatir el catolicismo colonial e imponer un
catolicismo “ilustrado”, como “cemento” de las nacionalidades emergentes.[12]
Esta citação clarifica a importância
dada por Bastian à Bíblia como meio de proporcionar uma conscientização nas
minorias, e ele para isso se utiliza dos termos: “ilustrado” e “cemento”, isto
é, instrução/esclarecimento e firmeza. Não a interpretando em seu sentido
poético e espiritual somente, mas com vieses políticos, econômicos e sociais.
Pois, doravante desencadeou tratados comerciais com paises protestantes e
acarretou na difusão do protestantismo na América Latina, que devido o tratado
anglo-português de 1810 abriu-se uma concessão para o protestantismo dar seus
primeiros passos em solo latino-americano, Rio de Janeiro - Brasil[13].
Embora Bastian cite outros países latino-americanos, ele delimita sua
pesquisa no Brasil, México, Argentina e Uruguai como primeiros países que
receberam os imigrantes protestantes e católicos da Europa procurando conciliar
a sua política de imigração, mais precisamente México e Brasil, pois, as
políticas de imigração da Argentina eram parecidas com a do Uruguai. Para não
deixar sua pesquisa flutuante, percebo que o autor resolve a questão
imigratória e logo em seguida se envolve com os conflitos sociais para trazer
em tese os assuntos pertinentes à tolerância religiosa e liberdade de culto,
que em cada país se diferenciava de acordo com suas instituições.
Não é difícil de perceber a
influência do protestantismo norte-americano no Brasil, com seu comportamento
voltado não somente para o aspecto religioso, mas para a ética e a moral que
para eles era tão importante quanto a o caráter espiritual da religião. Ética
tal que para Bastian é chamada de “capas sociales”, servia como causadora de
lentidão para o capitalismo em expansão. Antônio Gouvêa e Prócoro Velasques
seguem a mesma linha de Bastian ao se pronunciarem a cerca deste envolvimento
norte-americano no protestantismo brasileiro, quando afirmam que “o
protestantismo brasileiro segue sendo uma projeção do protestantismo
norte-americano. Direta ou indiretamente, as igrejas brasileiras, ao menos as
de origens missionárias, alimentam-se do ideário da religião civil
norte-americana. Como nem sem sempre as igrejas norte-americanas são fiéis ao
antigo ideário dos fundadores da sua nação, consubstanciado na religião civil,
há choques e atritos que se propagam como que em ondas até as igrejas
brasileiras”.[14]
A presença dos missionários passa a ser um diferencial neste processo na
visão de Bastian, pois eles poderiam exercer outros ofícios que na verdade
somariam com as idéias liberais ligados ao capitalismo e aos Estados Unidos.
Além de todos os seus predicados morais e espirituais o missionário era um
agente da economia capitalista. A presença norte-americana também era notada
com o auxilio de sua doutrina predestinatória do “destino manifesto” nos
arredores latinos.
Así de la misma manera
que a lo largo de la frontera del oeste el o cristianismo evangélico coadyuvó a
huamanizar las condiciones de producción em América Latina, los misioneros
sentían como tarea esencial transmitir “alôs hermanos menores” la experiencia
espiritural y material de la fronteira. Eran los portadores de este “destino
manifesto”, cuya lección objetiva se leía em la realidad de los Estados Unidos.
Creían que iban a conducir a los latinoamericanos de la tinieblas a la luz del
progreso. Ellos decían tener la certeza u “la confianza de que el Dios que les
había evangelizado primero y luego dinamizado, multiplicado, y bendecido sobre
todos los demás países, armándolos con acero, vapor y luz eléctrica, y
enviándolos a ser vanguardia de la humanidad” iba a dar uma nueva oportunidad a
los hermanos latinos “para aceptar el evangelio y recobrar sus derechos de
nacimiento”.[15]
Com diversos
assuntos e áreas importantes que correspondem ao texto se faz atento a cada
parte que envolve estes primeiros passos do protestantismo no continente latino-americano,
esta atitude o faz perceber a importância da análise geográfica em seu discurso
de expansão das sociedades protestantes. Pois, para ele o acesso a esta
geografia permitiria uma imagem mais esclarecida dos elementos deste
protestantismo, que por sua vez percorre diversas áreas tanto urbanas quanto
rurais. Esta percepção geográfica fez com que Bastian se atentasse para o que
estava por detrás da figura do missionário, pois em seu escrito ele faz uma
afirmativa que tira do missionário esta função de semeador do protestantismo.[16]
En otras palabras, no era
el misionero el que había utilizado los canales liberales radicales y las redes
ya existentes para difundir modelos asociativos protestantes que venían a
reforzar reivindicaciones preexistentes de tipo liberal radical.[17]
Percebe-se um protestantismo não homogêneo, mas influenciado pelos meios
de politização e pela economia como exemplifica o autor sobre a dinâmica
produzida pelo café no Brasil. E sendo assim o protestantismo ganha força no Brasil
fundamentado no eixo Rio, São Paulo e Minas Gerais, como também era visível o
avanço do republicanismo. É clarividente que as sociedades protestantes tiveram
progresso com o auxílio dos missionários americanos que tinham em sua bagagem
missionária o convênio com maçonaria, onde também nem todos eram a favor desta
parceria e o que veio acarretar no cisma Presbiteriana em 1903, mas é notória a
influência e importância que este envolvimento teve para a propagação
geográfica destas sociedades protestantes não só na América Latina, mas, também
no Brasil.
O que proporcionou um crescimento e
estabelecimento do protestantismo foi a postura conservadora do catolicismo na
Europa, que tinha como pano de fundo sua oposição explicita ao liberalismo. Em
contra partida Bastian propõe um despertar católico mais estruturado na maioria
de suas áreas, não obstante, esta posição foi importante na escolha do
pensamento positivista no Brasil, direcionado pelos liberais conservadores.
A geografia para Bastian também era
uma ferramenta indispensável para o estudo do avanço que atingiram as
sociedades protestantes, e ao entrar neste assunto ele se atém primeiramente ao
México, pois para ele foi o país pioneiro neste processo expansivo. Este
movimento protestante iniciou em primeiro lugar nas regiões rurais devido ao
seu ponto alto na economia que se deu em seu distanciamento dos centros
estatais. O índice expansivo do protestantismo nas sociedades rurais é bem
relatado segundo a ótica do autor, para ele foi isso que proporcionou um
movimento gradual e importante dos protestantes. Crescimento que mais à frente
ocasionou o encontro com os protestantes rurais e os urbanos. Um choque de
ideais. Houve troca de benefícios, mas ao mesmo tempo havia uma conservação de
ideologias entre ambos.
Com os ideais políticos conservados,
Bastian defende categoricamente que a presença de um missionário não teve muita
influência na propagação do protestantismo, na visão dele quem teve maior
participação neste processo foram os liberais radicais e as lideranças
nacionais na corrente heterodoxa. E esta parceria foi o estopim para o início
de um protestantismo moderno e capitalista. E essa idéia de implantação do
protestantismo sem missionário se estendeu até o Brasil, segundo as pesquisas
produzidas por ele, onde o mesmo percebe que o meio rural é um ótimo caminho
para a proliferação de um protestantismo pioneiramente presbiteriano. A visão
geográfica de Bastian é bem semelhante, ao tratar de expansionismo protestante
entre México e Brasil, os moldes são os mesmos.
Destaca-se também que o progresso do
protestantismo não está separado do progresso do republicanismo brasileiro que
estava em seu início, ambos andavam e cresciam juntos, percebe-se pela intenção
do autor certa dependência e troca de benefícios entre ambos. A religião se
embaraçando mais uma vez com a política.
É evidente no texto de Bastian o
destaque que ele dá ás associações que o protestantismo fez com a maçonaria,
que em sua pesquisa mostra a projeção protestante impulsionada pela maçonaria e
que por sua vez era alvo do catolicismo. Não obstante, esta aliança era uma
realidade na sociedade e no protestantismo brasileiro.
La pertenencia a diversas
sociedades no tardó en ser criticada por distraer los cuadros protestantes de
su actividad exclusivamente religiosa. Fue, sin embargo, vana porque los mismos
misioneros norteamericanos eram en su mayoría miembros de logias masónicas. En
Brasil, el lazo entre las logias republicanas y las sociedades protestantes y
sus primeros dirigentes fue particularmente estrecha . No deja de sorprender,
sin embargo, el movimiento indepediente dirigidopor el pastor Carlos Pereira,
quien realizó a partir de 1898 una campaña cuyo o tema era la imcompatibilidad
entre la adhesión a la masonería y ser miembro de la Iglesia Presbiteriana, lo
que provocó en 1903 un cisma en esta iglesia[18] .
Em meio há tantas divergências,
houve uma divisão proporcionada pela conveniência de alguns com maçonaria, esta
cisão não interferiu no avanço geográfico e social do protestantismo, há um
progresso na educação de pessoas analfabetas que não tinham acesso ao ensino
que era restrito à elite, contudo as sociedades protestantes forneciam em suas
comunidades ensinos primários e é bem nítido que os valores e intenções a favor
da democracia estavam presentes, e é o que ele vai chamar de pedagogia liberal
e democrática.
O foco de Bastian em seu recorte
temporal faz com que ele perceba os movimentos minuciosos do protestantismo e
do catolicismo, enquanto o primeiro vai ganhando terreno o segundo vai se
preparando para uma nova evolução. Ele mostra que o catolicismo não está inerte
aos acontecimentos. O que se vê na verdade não é uma luta com preocupações
religiosas, e sim de poder político. A oposição ao liberalismo é o que dá força
para a ação do que ele chama de catolicismo conservador em contraposição ao
catolicismo liberal que ocorria no mesmo período.
Estes acontecimentos acarretaram
diversas ações, como a separação da Igreja e Estado no Brasil que foi tida como
positiva para a igreja católica que se via como imóvel perante as ações do
império. Este rompimento deu liberdade à igreja que pôde desenvolver seus
ideais sem prestar contas. Se por um lado o protestantismo se difundia, por
outro houve um despertar católico, os
colégios de ordem católica se reformularam e expandiram os seminários para a
formação de líderes e tiveram projeção geográfica com o intuito de propagar e
estruturar suas teses teológicas e políticas. Esse despertar colocou um freio
no progresso protestante, mesmo que por pouco tempo.
Protestantismo e institucionalização de Igrejas no Brasil
Torna-se impossível falar em
protestantismo no Brasil sem citar o catolicismo. A hegemonia católica sofrera
um forte impacto com a política de penetração protestante. A passagem para o
século XIX, foi importante para o avanço missionário na América Latina. As
conferências de Edimburgo (1910) e no Panamá (1916) foram fundamentais, e
serviram de críticas contra a forma religiosa aplicada pelo catolicismo. “A
idéia da conferencia de Edimburgo de “cristianizar” como símbolo de “colonizar”
era encarnada pelas missões no âmbito da teologia calvinista do “reino de Deus”
e “povo escolhido”. O conceito de “reino de Deus” foi encampado pelo “sonho
americano” assim como o de “povo escolhido” para expandir o reino”.[19]
No século XIX o Brasil passa a ser o
campo missionário em vigência. Os missionários norte-americanos dotados da
teologia Wesleyana trazem em suas bagagens uma nova maneira de praticar a fé.
Para o metodismo a conversão tinha um caráter totalmente individual, pregava-se
um desligamento imediato com sua cultura e seu modo de vida pagão. Em seguida o
meio conversionista passou a dominar as lideranças nacionais. O individualismo
predominava e poderia causar um enfraquecimento nas igrejas
institucionalizadas. A utilização da Bíblia também foi um dos motivos de
conflitos. A interpretação que se faziam do texto eram voltadas para o
estabelecimento de seus partidos e ideais religiosos.
Congregacionais
As diversas interpretações sobre os
textos bíblicos e ideais religiosos diferentes serviram para o surgimento de
vertentes protestantes no cenário religioso brasileiro. Dados históricos nos
afirmam que a primeira corrente protestante a se inserir no Brasil foi o congregacionalismo
no ano de 1855, Robert Kalley e sua esposa Sarah Kalley foram os fundadores da
Igreja Congregacional no Brasil, vejamos o que dizem Antônio Mendonça e Prócoro
Filho:
A Obra de Kalley, além de
ser pioneira do protestantismo de missão no Brasil, insere-se no grupo de
igrejas missionárias norte-americanas pela sua natureza teológica, a mesma dos
avivamentos religiosos que ocorreram na Inglaterra e se transfeririam para os
Estados Unidos na passagem do século XVIII para o século XIX.[20]
O meio que os Kalley escolheram para
a propagação de sua teologia foram os hinos de suas autorias, que continham
suas visões e pensamentos acerca de do amor de Deus e do que significa o
protestantismo. A crença e pregação no amor de Deus contribuíram para
distinguir o teor da pregação produzida pelos pastores e teólogos puritanos
ingleses. O amor de Deus pregado pelos Kalley é universal e não predestinado,
contrariando a teoria calvinista e individualista da predestinação. O que
podemos resumir da Igreja Congregacional é que sua linha doutrinária é bem
conservadora e opositora de relacionamentos ligados ao ecumenismo e “sua
composição social é de classe média; sua liturgia se situa no plano das Igrejas
livres, isto é, não-litúrgicas, e sua atração simbólica é a da maioria das
igrejas missionárias: quase nula.[21]
Presbiterianos
O protestantismo de missão foi se
estabelecendo em solo brasileiro de acordo com a liberdade religiosa
consentida, logo após os congregacionais vieram os presbiterianos liderado pelo
missionário norte-americano Simonton em 1859. Visto que a maioria dos
missionários vindo para o Brasil são de origem norte-americana. A teologia e
doutrina presbiteriana são tiradas de João Calvino. O presbiterianismo ainda
contribui para o desenvolvimento da educação brasileira com suas escolas e
Universidades. Mesmo com as divisões políticas e religiosas que resultaram em
correntes presbiterianas diferentes o protestantismo trazido e praticado no
Brasil tem suas grandes contribuições religiosas.
Em seu aspecto presencial no solo
brasileiro as missões presbiterianas carregam em suas categorias um caráter
moralista, onde a postura e conduta humana tem uma interferência nas
perspectivas soteriológicas. Segundo Antônio Mendonça e Prócoro Filho “a
inserção presbiteriana no Brasil deu-se na camada livre e pobre da população
rural. Atualmente, entretanto, seus membros situam-se predominantemente na
camada média da população.”[22]
Metodistas
A história registra que o
crescimento dos metodistas tem um total envolvimento com a prioridade
educacional dada a aberturas de colégios e universidades, não obstante, deu-se
pouca atenção ao evangelismo, que era uma ferramenta bastante utilizada pelos
presbiterianos e batistas. Sua teologia também é de origem norte-americana,
porém, o seu crescimento não foi tão notório como as demais Igrejas
protestantes. Contudo, o estabelecimento dos metodistas no Brasil se deu em
1886.
Batistas
Assim como os metodistas e os
presbiterianos, os batistas tiveram um interesse na educação, porém, não
investiram em instituições de ensino como colégios e universidades. Os batistas
tiveram sua origem registrada historicamente em 1882. O crescimento dos
batistas se deu com a liberdade religiosa concedida pelo governo republicano e
isso acelerou o seu crescimento que era tido como lento devido as objeções católicas.
Sua teologia não difere muito das outras instituições, e isto deve-se a sua
ligação com os missionários norte-americanos. O seu crescimento se relaciona
com a sua localização urbana e sua intensa dedicação ao evangelismo.
Concluindo
É um trabalho
árduo e gratificante ao mesmo, se propor em fazer uma pesquisa sobre o a
penetração e inserção do protestantismo no Brasil, e deixando de lado a veia
religiosa e se ancorando principalmente em seus argumentos históricos. Foi
preciso traçar um caminho relacionado ao protestantismo na América Latina, para
então adentrar em suas ações e conseqüências. Acabamos de ver na presente
pesquisa um país fechado de início, mais aberto com o passar do tempo e com as
mudanças políticas em sua concepção religiosa. O estabelecimento dessas
instituições trouxe benefícios para o Brasil, principalmente para a educação
que teve avanço com a implantação de colégios e universidades.
Portanto, ver o protestantismo no
Brasil significa além de uma nova corrente religiosa, um meio de organização
diferente do que antes era estabelecido. O acontecimento central destacado pela
pesquisa está na sua ênfase no protestantismo e seus desdobramentos que traz
uma unificação de fatos que encorpam e dão vida a este importante ocorrido que
transformou e transforma corriqueiramente o cenário religioso brasileiro.
Bibliografia
BASTIAN,
Jean-Pierre. Historia del protestantismo en America Latina. México: Ediciones
CUSPA, 1990.
DUSSEL, Henrique D. Caminhos da
Libertação Latino-americana – São Paulo: Ed. Paulinas, 1984. p 91
MENDONÇA,
Antônio Gouvêa. O Celeste Porvir: A inserção do protestantismo no Brasil. São
Paulo. Ed. EDUSP. 2008. p 38.
MENDONÇA, Antônio Gouveia. FILHO,
Prócoro Velasques. Introdução ao protestantismo no Brasil. São Paulo. Edições
Loyola. 2002. p, 13.
[1] Monografia apresentada à disciplina História
e Teologia do Cristianismo na América Latina, II semestre de 2015, com vista à
aprovação na disciplina.
[2] Mestrando em Ciências da Religião pela
Universidade Metodista de São Paulo – UMESP. Bacharel em Teologia pela
Faculdade Unida – Vitória – ES. Licenciado em História pela Universidade do
Grande Rio (UNIGRANRIO) – RJ.
[3] BASTIAN, Jean-Pierre. Historia del
protestantismo en America Latina. México: Ediciones CUSPA, 1990, p. 98
[4] BASTIAN, 1990, p. 98. A escolha por este termo
está bem esclarecida pelo o autor, que pretende informar a pretensiosa cisão
com o centro e por fim formando novas correntes de forças independentes.
[5] Descendentes de espanhóis nascidos na
América.
[6] Esta idéia de grito é bem exposta por
Enrique Dussel, onde ele argumenta que este grito faz exigência a uma resposta
imediata dando assim a responsabilidade devida à religião. “Tenho fome!”.
DUSSEL, Henrique D. Caminhos da Libertação Latino-americana – São Paulo: Ed.
Paulinas, 1984. p 91
[7] BASTIAN, Jean-Pierre. Historia del
protestantismo en America Latina. México: Ediciones CUSPA, 1990, p. 100.
[8] BASTIAN, 1990, p. 101.
[9] MENDONÇA, Antônio Gouvêa. O Celeste
Porvir: A inserção do protestantismo no Brasil. São Paulo. Ed. EDUSP. 2008. p
38.
[10] MENDONÇA, 2008. pp, 41-42.
[11] MENDONÇA. 2008. p, 44.
[12] BASTIAN, Jean-Pierre. Historia del
protestantismo en America Latina. México: Ediciones CUSPA, 1990, pp. 104-105.
[13] BASTIAN, 1990, p. 106.
[14] MENDONÇA, Antônio Gouveia. FILHO, Prócoro
Velasques. Introdução ao protestantismo no Brasil. São Paulo. Edições Loyola.
2002. p, 13.
[15] BASTIAN, Jean-Pierre. Historia del
protestantismo en America Latina. México: Ediciones CUSPA, 1990, p. 132.
[16] BASTIAN, 1990, p. 131.
[17] BASTIAN, 1990, p. 135.
[18] BASTIAN, 1990, pp. 138-139.
[19] MENDONÇA, Antônio Gouveia. FILHO, Prócoro
Velasques. Introdução ao protestantismo no Brasil. São Paulo. Edições Loyola.
2002. p, 32.
[20] MENDONÇA, Antônio Gouveia. FILHO, Prócoro
Velasques.. 2002. p, 34.
[21] MENDONÇA, Antônio Gouveia. FILHO, Prócoro
Velasques.. 2002. p, 35.
[22] MENDONÇA, Antônio Gouveia. FILHO, Prócoro
Velasques.. 2002. p, 37.
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